Coração entre Palavras
Com a voz do coração dou as boas vindas e agradeço a visita, porque, a semente mais pura do pensamento, está no coração.
16/12/20
19/02/19
CHORO A CANTAR
Imagem da Google
choro a cantar como uma ave desgovernada
e
estonteada sem asas.
migro
para outras paragens numa manifestação cósmica
pingando
o destino do desencanto
igual
às aves soltas em bando umas atrás das outras
no
reino inóspito de areias de fogo
que
não tardam serem uma mitológica aparição
invadidas
pelo fatídico enxofre do novo voo do dragão.
choro a cantar quando as vejo partirem. eu canto a chorar quando as vejo chegarem.
chegam
do outro canto do mundo em busca de poiso
em
bando num voo planado simetricamente planado em círculos
confiantes
e indefesas umas atrás das outras
numa
dança de asas com o ritmo musical que me veste a alma
e
partem na sucessão das vinte e quatro luas
na
sucessão das vinte e seis semana quando o mar traz nas ondas
o
açúcar glaciar levando com elas os meus sonhos de ave sem asas
com
a alma tingida de luto pelo receio de que o novo voo do dragão
soltando
fogo por todos os poros não as deixe voarem livremente.
choro a cantar quando as vejo partirem. choro a cantar quando as vejo chegarem.
29/12/18
08/12/18
E SE O MENINO VOLTASSE A NASCER?
Imagem da Google
será
que aparecia a estrela rasgando o céu divino
a
anunciar o Seu nascimento?
o
que seria de diferente?
talvez a história se
repetisse. não sei. não sei.
fecho os olhos. e revejo a
cena a que nunca assisti.
o que seria de diferente?
antevejo os desígnios dum
Menino Deus sozinho
a lutar contra as atitudes
dos Herodes de hoje
que constroem bombas
atómicas e muros de arame farpado.
espalham a morte.
alimentam o medo e a fome de milhões de inocentes. vedam a passagem à Fraternidade.
Ao amor. à Esperança e à Paz.
é Natal !
e não se acha a fórmula
eficaz
de equilibrar o fiel da
balança neste mundo.
E se o Menino voltasse a
nascer?
quem O iria reconhecer?
Teresa Gonçalves
2018/12/06
19/05/18
SÍNTESE
de ruas sem nome e
portas sem números
de casas
devastadas nas mãos do fogo
de vidas perdidas
rasgando o fumo no amargo da noite
e de sons abertos
no solo do abandono
vamos falar na
cruz lancinante a suar no dorso da noite
de silêncios
embutidos nas unhas dos gatos fugitivos
dos seus pelos
eriçados pelos medos ancestrais
vamos falar de
felinos à espreita no peito assassino
para abrir
caminhos às sirenes que o vento desviou
vamos falar de
portas fechadas condenadas ao espectro da palavra
JUSTIÇA na onda de
odores mortais
vamos falar da
seca e a seguir do frio
da dor de um
planeta profundamente magoado
que assume o lugar
de um parto gigantesco de fora para
dentro
já não me apetece
falar. sinto o corpo gelado.
o Universo
penetra-me. entra dentro de mim. Sinto o seu peso
o peso profundo da
sua dor que me esmaga o cérebro e irrompe um queixume da minha alma.
Teresa Gonçalves, Dezembro 2017
09/04/18
ANTOLOGIA « POESIA PORTUGUESA» BILINGUE
Esta é a Antologia « Poesia Portuguesa» Bilingue, lançada no dia 24 de Março de 2018,
pelo quinto aniversário do Grupo. Participam quarenta e nove autores homenageados
pelo Grupo Asas de Poesia, com poesia inédita.
23/02/18
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A MAGIA DO DESPONTAR
O
que escrevo está num esconderijo onde as sílabas nascem inquietas antes. muito
antes do início.
há
probabilidades de se unirem e formarem a palavra nas nervuras do tempo e ser
poema numa trajetória inversa antes da primeira madrugada do início.
há
um tempo
há
um espaço vago
há
um poema que nasce
há
um ano que passa e as letras rodopiam e regressam antes do início. abertura
para o interstício das horas à superfície
do esconderijo: Alma
a
magia do despontar do início cruza-se com o fim.
o
fim depois do início na improbabilidade de ser espírito
alma
ou corpo transforma-se em sílaba em movimento
tal
mariposa de asa imensa numa dança leve e contínua ao encontro da linha do
Universo rasgando o ventre da ordem até à desintegração.
o
que escrevo está no esconderijo da lucidez e portanto da loucura único caminho
que resta para reconhecer o nível de sensibilidade, do sentir e das ações para
não pactuar com a mediocridade nem dar fé à ignorância. O terrorismo monstruoso
da mentira.
há
um ano que passa
há
um poema que nasce
há
um espaço vago
há
um tempo
o
tempo corredor da vida. espaço represo em sílabas que separa o início há milhares de milhões de anos- luz. dando ao
homem a oportunidade de brincar com um certo jogo matemático com o
objetivo de corroer tudo o que foi
criado.
há
o início e há o fim.
Teresa G.
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