Com a voz do coração dou as boas vindas e agradeço a visita, porque, a semente mais pura do pensamento, está no coração.






19/02/19

CHORO A CANTAR


Imagem da Google




choro a cantar como uma ave desgovernada
e estonteada sem asas.
migro para outras paragens numa manifestação cósmica
pingando o destino do desencanto
igual às aves soltas em bando umas atrás das outras
no reino inóspito de areias de fogo
que não tardam serem uma mitológica aparição
invadidas pelo fatídico enxofre do novo voo do dragão.

choro a cantar quando as vejo partirem. eu canto a chorar quando as vejo chegarem.

chegam do outro canto do mundo em busca de poiso
em bando num voo planado simetricamente planado em círculos
confiantes e indefesas umas atrás das outras
numa dança de asas com o ritmo musical que me veste a alma
e partem na sucessão das vinte e quatro luas
na sucessão das vinte e seis semana quando o mar traz nas ondas
o açúcar glaciar levando com elas os meus sonhos de ave sem asas
com a alma tingida de luto pelo receio de que o novo voo do dragão
soltando fogo por todos os poros não as deixe voarem livremente.



choro a cantar quando as vejo partirem. choro a cantar quando as vejo chegarem.


Teresa Gonçalves

29/12/18

FELIZ ANO NOVO

PARA OS MINHAS/MEUS SEGUIDORES



08/12/18

E SE O MENINO VOLTASSE A NASCER?


             Imagem da Google


                                                                    

será que aparecia a estrela rasgando o céu divino
a anunciar o Seu nascimento?

o que seria de diferente?

talvez a história se repetisse. não sei. não sei.
fecho os olhos. e revejo a cena a que nunca assisti.

o que seria de diferente?

antevejo os desígnios dum Menino Deus sozinho
a lutar contra as atitudes dos Herodes de hoje
que constroem bombas atómicas e muros de arame farpado.
espalham a morte. alimentam o medo e a fome de milhões de inocentes. vedam a passagem à Fraternidade. Ao amor. à Esperança e à Paz.

é Natal !
e não se acha a fórmula eficaz
de equilibrar o fiel da balança neste mundo.

E se o Menino voltasse a nascer?
quem O iria reconhecer?

Teresa Gonçalves

2018/12/06

19/05/18

SÍNTESE








 vamos falar de pedras paralelas aos rios
de ruas sem nome e portas sem números
de casas devastadas nas mãos do fogo
de vidas perdidas rasgando o fumo no amargo da noite
e de sons abertos no solo do abandono

vamos falar na cruz lancinante a suar no dorso da noite
de silêncios embutidos nas unhas dos gatos fugitivos
dos seus pelos eriçados pelos medos ancestrais

vamos falar de felinos à espreita no peito assassino
para abrir caminhos às sirenes que o vento desviou

vamos falar de portas fechadas condenadas ao espectro da palavra
JUSTIÇA na onda de odores mortais

vamos falar da seca e a seguir do frio
da dor de um planeta profundamente magoado
que assume o lugar de um parto gigantesco  de fora para dentro

já não me apetece falar. sinto o corpo gelado.
o Universo penetra-me. entra dentro de mim. Sinto o seu peso
o peso profundo da sua dor que me esmaga o cérebro e irrompe um queixume da minha alma.






Teresa Gonçalves,  Dezembro 2017


09/04/18

ANTOLOGIA « POESIA PORTUGUESA» BILINGUE


Esta é a Antologia « Poesia Portuguesa» Bilingue, lançada no dia 24 de Março de 2018,
pelo quinto aniversário do Grupo. Participam quarenta e nove autores homenageados 
 pelo Grupo Asas de Poesia, com poesia inédita.




23/02/18


Imagem Google

A MAGIA DO DESPONTAR
                                                                             
O que escrevo está num esconderijo onde as sílabas nascem inquietas antes. muito antes do início.
há probabilidades de se unirem e formarem a palavra nas nervuras do tempo e ser poema numa trajetória inversa antes da primeira madrugada do início.
há um tempo
há um espaço vago
há um poema que nasce
há um ano que passa e as letras rodopiam e regressam antes do início. abertura para o interstício das horas à superfície  do esconderijo: Alma
a magia do despontar do início cruza-se com o fim.
o fim depois do início na improbabilidade de ser espírito
alma ou corpo transforma-se em sílaba em movimento
tal mariposa de asa imensa numa dança leve e contínua ao encontro da linha do Universo rasgando o ventre da ordem até à desintegração.
o que escrevo está no esconderijo da lucidez e portanto da loucura único caminho que resta para reconhecer o nível de sensibilidade, do sentir e das ações para não pactuar com a mediocridade nem dar fé à ignorância. O terrorismo monstruoso da mentira.
há um ano que passa
há um poema que nasce
há um espaço vago
há um tempo
o tempo corredor da vida. espaço represo em sílabas que separa o início  há milhares de milhões de anos- luz. dando ao homem a oportunidade de brincar com um certo jogo matemático com o objetivo  de corroer tudo o que foi criado.

há o início e há o fim.

Teresa G.