Com a voz do coração dou as boas vindas e agradeço a visita, porque, a semente mais pura do pensamento, está no coração.






29/08/11

Imagem da Net

no grito silencioso da pedra
escuto o grito da Natureza.

numa linguagem de silêncio
converso com ela
sobre as pedrinhas
que apanhava
na rua da minha infância.
elas não cresceram
nem adormeceram
dentro do meu sapatinho
de criança.

agora na sua face gretada
ponho as minhas mãos de amor
com as pedrinhas
da rua da minha infância
porque…
quem vê, lê ou sente a sua desdita
se no cantar perigoso
dos nossos passos
lhe pisamos a intimidade
sufocando-lhe o grito?

“in” Singelo Canal

21/08/11

Imagem Susan Rios

a poesia, meu amor, não está no verso
está escrita no espírito da Natureza.
a poesia, meu amor, lê-se na pele da Terra estendida há milhões de anos.
lê-se na frescura da água, testemunha abençoada da idade e do tempo.
lê-se no melodioso som da brisa, desflorando o segredo das árvores.
lê-se no silêncio verdejante e no festim colorido das flores.
lê-se no sereno trinar das aves e no bailado mágico das suas asas.
lê-se nos olhos gretados das pedras e nos altos ombros das montanhas.
lê-se no espelho dos rios e na vastidão ondulante dos oceanos.
a poesia, meu amor, não está na rima
está escrita no espírito do Universo.
a poesia , meu amor, lê-se na viagem do vento, na gravidade da chuva
na alvura da neve, no relâmpago prateado.
lê-se no amanhecer dourado do sol e no crepúsculo da despedida.
lê-se no império das estrelas e na luz nocturna da lua, mãe das ilusões.
lê-se no eterno infinito do mais infinito.
lê-se no silêncio dos silêncios.
a poesia, meu amor, não tem estrofes
lê-se na vibração da vida, na seiva, na felicidade, na alegria, na esperança.
lê-se na nuvem da angústia, no medo, na dor,
na solidão.
a poesia, meu amor, lê-se no perfume irrequieto do sorriso das crianças.
lê-se na neve dos cabelos, nos rostos de renda, nos corpos curvados.
lê-se em ti, em mim, unidos num só corpo, num beijo, numa carícia
presa ao movimento que o germe do afecto nos ordena,
num caudal de
ternura, delírio e desejo.
a poesia, meu amor, não está no verso
lê-se no circunflexo amoroso da Natureza e do Universo.

"in" Pleno Verbo

01/08/11

Imagem da Net

pouco importa
o hábito que vestimos
se não for
determinado pelo coração
e não importa
o que os outros pensam
do cantar do vento
em nossas bocas mordendo

importa saber
sermos sol _ sal _ mar
céu _ estrela _ luar
quando no movimento do vento
nos foge o ás de copas
e ficamos sem voz
com o ás de espadas?


“in” Singelo Canal