Com a voz do coração dou as boas vindas e agradeço a visita, porque, a semente mais pura do pensamento, está no coração.






02/03/14

MÁSCARA


Põe a máscara, tira a máscara, põe a máscara, tira a máscara.
Soltou o cabelo e olha-se ao espelho.
- sou eu ou a máscara?
Já não se conhecia. Ninguém naquela casa se preocupa com o que ela faz ou deixa de fazer, com o que sente ou deixa de sentir. Quantas páginas da sua vida desmembradas em silêncio. Sempre a viram sorrir.
Mulher, mãe, amante, irmã e amiga!
Desgastada, entende-se no leito e seu marido com brutalidade aperta-a contra o peito.
Um esgar de dor é substituído por um sorriso.
Põe a máscara…a última do dia.

Tira a máscara, põe a máscara, tira a máscara, põe a máscara.
Aproxima-se  a hora do frente a frente na televisão em direto. Endireita o nó da gravata e ensaia várias expressões  em frente ao espelho. A sua boca abre-se num sorriso aberto.
Sorrir agrada ao povo, mais do que se faz ou do que se promete. Prometer não custa nada…até é de graça.
Tem de vencer os adversários. Passar a mensagem só com a sua imagem.
Fazem-lhe um sinal. Chegou  a hora. Pela décima vez repete o ensaio. Sorri e pensa para si:
Está perfeita…esta sim…foi feita para mim!...

Põe a máscara, tira a máscara, põe a máscara, tira a máscara.
A estrada desta vida é um palco de teatro!
Nela, alguns de nós somos atores, alguns de nós somos palhaços.
Tira a máscara, põe a máscara, tira a máscara, põe a máscara.
Proliferam pelo mundo inteiro, cordeiros com máscara de lobos e muitos mais lobos mascarados de cordeiros. Sem máscara…existem biliões de capuchinhos vermelhos!

31/01/14

TOCAM SINOS


Tocam sinos de saudade do tempo
em que o sorriso era uma flor nos lábios.
A intensidade do som fere,
o coração contrai-se, aperta,
quase rebenta como um balão de ar.
Talvez fosse melhor do que sentir
o corpo a encolher e a alma de dor a dilatar,
atingida por fragmentos de rocha quebrada.

Tocam sinos de saudade…
A solidão em escravos silêncios povoada,
É acompanhada pelo áspero odor de humidade
que corre pela casa.
A casa onde outrora habitou o sol da ternura,
hoje é noite a guardar insónias.

A flor murchou.
Tombou inerte no chão húmido e frio.

Tocam sinos de saudade…
Entoam impiedosos galgando a memória
a sondar o passado num domínio sufocante.
Uma frieza distante…


Uma sombra passa vestida de ausência,
talvez  a ver para crer como se pode viver a morrer.
Sinos tocam. Tocam sinos. Mudam de som. Tocam a rebate.
Em cada toque sugam o tutano de todas as sílabas das palavras.
Puro engano!
Nasci para ser feliz!

Teresa Gonçalves

16/01/14

CONVITE

*PARA QUE HAJA GRANDES POETAS É PRECISO QUE HAJA TAMBÉM UM GRANDE PÚBLICO*
«Walt Whitman



22/12/13

BOAS FESTAS

COM CARINHO E AMIZADE, DESEJO A TODAS/OS...
BEIJINHOS MIL EM VOSSOS CORAÇÕES

02/11/13

LANÇAMENTO DO LIVRO« NOS UMBRAIS DO TEMPO» CONVITE


QUERIDAS/OS AMIGAS/OS!
SERÁ PARA MIM UMA HONRA A VOSSA PRESENÇA .
A VIDA É FEITA DE PEQUENOS NADAS E SÃO DE PEQUENOS NADAS, QUE NASCE A VERDADEIRA FELICIDADE.
BEIJOS MEUS E OBRIGADA PELA VOSSA AMIZADE.


28/10/13

AS CORES DO CÉU

Imagem: Freydoon Rassouli

atraem-me as cores do arco íris
quando pela mão da natureza pintado
o espaço se abre ao céu
de um outro céu
na linha perfeccionista do Universo

num círculo de reflexos coloridos
o sol é embrulhado em bruma
e a água é um lago de amargura
que chega de longe
em séculos vividos

ve-mo-lo inscrito no céu
mesmo para lá dos céus
confiado ao mistério
onde o tempo patina
no concílio dos deuses

mas quais são as cores do céu
se nunca ninguém chegou
à abóboda do infinito para as conhecer?

vejo
até onde me é dado ver
no perfil do horizonte
nuvens de algodão
desenhadas no intenso e extenso azul
e mais distanciados
débeis raios de fogo
e numa fantasia consciente
imagino-me
numa imensa tela anil
escrava submissa
das cores do arco íris.

Teresa Gonçalves