
faço parte do todo,
um todo em que todos fazem tudo
e não fazem nada
e quando a noite se aproximar da minha porta
(aquela noite em que a lua se desfaz)
não vou precisar de nenhum padre,
pastor, ou qualquer outro
suposto mensageiro do…
Criador.
os meus pecados,
receios e confusões
todos os dias entram
no percurso da confissão aberta.
encerro qualquer possibilidade
de ter um confessor
a prometer-me a salvação.
o tempo dilui o tempo
em que me inventei, no gosto
da oração, dos cânticos de exaltação,
da crença e da ingenuidade.
não quero parecer
louca só pelo facto de o ser,
nem quero morrer louca
só pelo facto de o não ser.
faz algum sentido
exercermos profissão religiosa,
só pelo facto de outros a exercerem!?
pois bem, cansei.
cansei de ouvir apregoar
tantos eus narcisistas, egocêntricos.
cansei de ver e ouvir
em nome de Deus: ama, odeia,
perdoa, ambiciona, mata.
cansei de um todo em que todos
fazem tudo e não fazem nada
excepto mentirem, fingirem
e orgasmo – girem em discursos televisivos
nos sessenta e não sei quantos canais e mais que tais.
pois bem, cansei.
quero ser eu a partir
na minha essência,
sem a absolvição do homem,
sem os comentários circunstanciais
(que pena, era tão boa pessoa).
boa???
de criança detesto esta palavra:
boa.
não quero ser boa.
sou muito mais feliz
se conseguir ser mais razoável.
humana e nua. não foi assim que nasci!?
nua. pois então
deixo cá o resto da bagagem!
Basta-me partir com a essência
a qual tentei não macular nem agredir
(sem certeza nenhuma de ter conseguido).
certeza tenho
de não precisar de nenhum padre,
pastor, ou qualquer outro
suposto mensageiro do senhor.
poupem-me a hipocrisias.
Ísis(Tg)
é curioso que estava a ler o texto e estava precisamente a pensar na hipocrisia subjacente ao tema nele abordado, pelo que gostei muito de ler e deste final, naturalmente :) um grande beijinho
ResponderEliminarSUBLIME!!!!!!!! Não conseguiria expressar-me dessa forma!! Beijos.
ResponderEliminarCara amiga Tecas.
ResponderEliminarQuanto a mim, fraquíssimo analista poético, estamos na presença de um soberbo poema.
Não apenas pelo conteúdo, mas também pelo tom com que é exprimido.
A dada altura pareceu-me estar a ler um poema do Fernando Pessoa (perdoa se for um disparate, mas foi o que senti) e saltei para o fim para ver de quem era o poema.
Afinal era teu... e recomecei... é uma delícia ler este teu poema.
Parabéns. O conteúdo nem comento, porque o subscrevo...
Um beijo cara amiga.
Ao ler o seu comentário poeta Nilson, fiquei surpreendida. Acho que o Fernando Pessoa, no céu que nos prometem, deve ter dado um salto e ficado zangado:) Já viu? Obrigada e não tem de pedir desculpa...a mim:)
ResponderEliminarEscrevo o que sinto, perante uma sociedade de....
Bji amigo
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ResponderEliminarAdorei o seu texto! Convida-nos a refletir sobre alguns pontos...
Beijos de luz e obrigada, pela gentil visita!
Muito bom encontra-la aqui...
Beijos de luz e carinho!!!
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Olá, vim visitar seu recanto encantado, e agradecer sua linda mensagem.
ResponderEliminarE, aqui tenho a alegria de ler você.
Deixo uma FELIZ PÁSCOA 2009
Com admiraçào,
Efigênia Coutinho
Simplesmente fantástico.
ResponderEliminarSentem-se as palavras a correr pelos teus dedos.
Um bjinho e uma flor
querida amiga, são estas palavras de nudez que nos tocam e deveriam ser levadas mais longe. talvez o mundo mudasse mais rapidamente, que bem precisamos... um grande abraço com todo o carinho. marta
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